Ontem estava conversando no grupo do watsapp e no bate papo
do Facebook com algumas amigas quando adentramos num assunto do qual eu
sempre tive vontade de escrever, porém nunca conseguia passar a ideia do
que penso sobre. Espero conseguir hoje com esse texto.
As pessoas acham que a melhor coisa que existe no mundo (de
um fã) é poder ser próximo ou íntimo do seu ídolo. Poder ser amigo, ter o
telefone, ser seguido por, conhecer pessoalmente… e até é, de certa
maneira, quando não ocorrem excessos. Eu, na minha condição de fã e/ou
admiradora, também acreditava nisso piamente e achava o máximo quando
percebia a minha proximidade com quem eu admirava. Pra gente que é fã,
isso tudo é o ápice e a magnitude do sonho que carregamos. É também um
momento gratificante por todos os esforços e loucuras feitas pra chegar
perto daquele que é, pra o fã, a inspiração. Não gosto de tratar como
‘ídolo’, porque me soa idolatria e eu não consigo digerir esse
significado. Prefiro tratar como ‘aquele(a) que admiro’. Admiração é um
sentimento bem mais saudável e se encaixa melhor no que eu penso e no
meu agir sobre a pessoa.
Estávamos falando sobre como é bom ter a pessoa que admiramos
por perto e esta saber da nossa existência e receber o nosso carinho.
Como é bom relembrar e ter fotos que eternizam esses momentos com ela.
Nessa conversa acabei descobrindo que tenho coisas em comum e de uma
forma indireta, faço parte do círculo de amizades das pessoas que
admiro. Mas se pararmos pra analisar esse fato, talvez cheguemos à
conclusão de que nem sempre isso é uma coisa totalmente boa. Posso estar
falando bobagem, mas falo com experiência no que já vivi e no que já
passei sendo ‘íntima’ de uma pessoa da qual tenho admiração e carinho. E
usando a frase que simplifiquei tudo isso na conversa com minhas
amigas: A intimidade é uma m**da! Nem sempre ter acesso à pessoa,
significa felicidade e amizade plena. A rotina, o dia a dia, a
convivência e a intimidade fazem com que a nossa percepção e nossas
impressões sobre a pessoa mude, e não digo: ‘deixei de gostar!’, mas ‘A
percebo com outros olhos, os olhos da realidade de como ela é’. Porque é
tudo muito bonito quando você só conhece aquilo que a pessoa te deixa
conhecer. Aquilo que ela se dispôs a te mostrar. Às vezes o lado
bonzinho e carinhoso. Às vezes o lado mais afoito, mais justiceiro. Aí
quando você passa a conviver com essa pessoa, descobre que a doce e
meiga também tem seus dias de fúria e incompreensão, tem seus dias de
fraqueza e ser humano falho (porque é assim que o ser humano é composto:
defeitos, qualidades, personalidade, manias…). E passa a perceber
coisas que de longe não percebia. Só quem convive sabe a realidade. Por
um lado isso é muito bom, porque a partir dessa experiência, percebemos
que aquela pessoa da qual nutrimos um carinho e admiração, também é um
ser humano comum, que passa pelas mesmas coisas, que tem atitudes e
fazem bobagens tanto quanto nós. Por outro lado, não deixa de nos
decepcionar (decepcionar aquela ideia equivocada que fazemos da pessoa,
achando que ela é diferente do comum, que é ídolo, deus, digno de um
altar, etc), porque os defeitos começam a ficar aparentes e temos um
choque de realidade por percebermos que admiramos um ser humano comum e
não a divindade que nossa cabeça e nossa fantasia criaram. Mas como diz
sempre a minha mãezinha: Não há um mal que não nos venha para um bem.
Apesar de perceber isso tudo, crescemos mental e espiritualmente, e
passamos a enxergar aquela pessoa como ela é e como ela quer ser vista:
uma pessoa como nós que ri, chora, tem amigos, família, que erra, que
ensina, que tem uma vida por trás do que faz ou dos flashes, câmeras e
tapetes vermelhos. Muita gente não percebe isso, porque há uma diferença
no peso das nossas palavras, atitudes e nas da pessoa famosa. O que
elas dizem ou fazem pesam muito mais do que o que nós dizemos e fazemos.
Pesar onde? Eu me pergunto… digo isso em relação à grande influência
que essa pessoa exerce em relação à mídia. Nós, anônimos, falamos um
monte de bobagens nas redes sociais, mas gente famosa não pode (pode,
mas não deve, na verdade) falar, porque isso vai gerar polêmica e a
sociedade puritana não aprova. Eu não gostaria de ser famosa,
sinceramente. Gosto da minha particularidade e privacidade. Não sei se
seria uma ‘famosa exemplo’. Até porque nem tem esse ser humano perfeito e
exemplar. Nosso erro é criar e fantasiar aquilo que achamos ideal em
cima de uma pessoa, e nos decepcionar quando esta não atende às nossas
expectativas. Sinto informar, mas nem a pessoa tem obrigação nem devemos
idealizar ninguém. Goste da pessoa, mas por tudo que ela é e faz. Não
goste porque ela é ‘ a artista mais bonita ou com o corpo mais lindo’,
ou por ser ‘ o (a) cantor(a) da voz mais bonita e das músicas mais
apaixonantes’. Até dá pra gostar por tudo isso, mas não coloque isso
como motivo maior. Não dê preferência a coisas passageiras. Gosta de
alguém pelo caráter que essa pessoa tem? Ótimo! Caráter, dignidade,
humanidade… são coisas que o tempo e a idade não vão nos tirar nem tirar
delas. Outra coisa que fazemos é nos doarmos demais às pessoas,
principalmente quando se trata de fã. Que me desculpem os fãs dedicados e
apaixonados, mas não é saudável fechar os olhos pros defeitos e erros e
enxergarem (porque SÓ querem enxergar!) apenas as qualidades e o lado
bonito e florido da pessoa que admiram. Elas são seres humanos antes de
tudo, lembrem-se disso. Quando passamos por experiências traumáticas com
‘ídolos’ (porque antes do choque de realidade, eles são nossos ídolos),
nossa mente expande e amadurecemos (mesmo que contra nossa vontade)
nossas ideias e preferências.
Me tornei amiga de uma pessoa do meio artístico/televisivo e
pra mim, na época, aquilo era a coisa mais maravilhosa que tinha me
acontecido. Ser tratada como amiga por esta pessoa, pra mim, era motivo
de orgulho, porque era bom ouvir e ler: ‘Ai, que tudo! Você é amiga
dela!’ ‘Como você é chique, hein!? Amiga dela!? Nossa!’. Era muito bom
ler isso, confesso! E aquela amizade, inconscientemente, estava mais pra
troféu que pra outra coisa. É errado fazer isso. Essa lição eu aprendi e
foi da forma mais dolorosa possível, mas isso é assunto pra outro
texto. Passei a ter contato direto com a minha mais nova e tão querida
amiga, e acabei passando alguns limites que, se eu tivesse um pouco mais
de maturidade, não teria ultrapassado. Uma série de erros das duas
partes foi acontecendo e terminou num ponto final na amizade. Final
mesmo, porque hoje não nos falamos, sou ‘bloqueada’ nas redes sociais e
nas minhas tentativas de juntar os caquinhos do que restou da nossa
amizade, ela decidiu que o melhor a fazer era chutar eles pra longe de
si. Cada uma foi pra um lado e continuamos a seguir a vida da forma mais
pacífica e proveitosa possível. Gosto dela ainda, mas senti que perto
uma da outra, sendo (tentando ser!) amigas, não daríamos certo. Deixar
partir também é uma forma de dizer que ama, que gosta. ‘Tirar da vida
sem tirar do coração’. Saber dizer adeus à matéria e conservar o
espírito e o sentimento dentro do coração, que é só o que fica mesmo no
final das contas.
Meu recado hoje é pra quem acha que a intimidade com um ídolo
ou pessoa que admira é vantajosa. Digo que nem sempre! Às vezes é
melhor não ter isso e conservar o que se tem de bom entre as duas
pessoas, do que entrar na casa da outra, bater um papo enquanto janta
com ela e, meses depois, sequer trocar um ‘Bom dia’. É fato que: A
Intimidade É Uma MERDA!
Nenhum comentário:
Postar um comentário