domingo, 13 de setembro de 2015

Cartas publicadas - Lembrete à mim mesma.



Talvez, mais uma vez, eu tenha feito tudo aquilo que era pra fazer, é somente isso que sei fazer e, sinceramente, me pergunto todos os dias se eu não conseguirei fazer outra coisa, algo talvez que seja mais ético comigo mesma, desde o princípio e, depois é que seria ética com os outros. Incrível como eu sempre consigo! Essa parte de mim demonstra ser altamente eficiente, e como eu consigo talvez ainda seja um mistério para mim. Isso porque para todos os outros, a explicação seja mais intelegível, e eu não consigo ler essa parte do meu livro... por mais que eu me esforce, não consigo ler. Talvez sejam estes óculos... faz um tempo que estas lentes não mais conseguem me ajudar a enxergar. Mas de que serve enxergar se eu não consigo ler? E por mais que eu tente aprender, parece que insisto em permanecer ignorante, o que eu tenho de tão inominável? Sou precipitada, pretenciosa, ingênua por acreditar que as minhas boas intenções trazem algum benefício para alguém, e eu não consigo perceber outra coisa em mim mesma, até quando quero prejudicar alguém, penso imediatamente na minha consciência e nas consequências, todas as minhas personalidades falam ao mesmo tempo, e olha que eu sempre faço isso mesmo. Na verdade, olhem por mim, porque eu mesma não consigo fazê-lo. Tenho vergonha de me ver e de me sentir tão incapaz e idiota que não consegue fazer nada certo, tantas palavras jogadas fora... tantas oportunidades desperdiçadas, e é impressionante o quanto me convenço a cada dia que passa de que, na verdade, a única coisa que sei fazer bem é ser a melhor amiga dos meus amigos... só agradeço por não ter ultrapassado o limite da minha sanidade e pelo dom da escrita ( que eu sei que é mais um que não consigo utilizar de maneira sábia). Só não queria entregar o que é meu sem lutar, porque ainda tenho um coração que grita silenciosamente diante dessa hipótese, que também não sabe o por quê de tudo isso e, como todos os outros mortais, tem alegrias e tristezas. 
E como me ensinou um certo poeta: Tenho uma lágrima numa mão e um sorriso na outra.


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Marca.dor



A dor marca de tal forma que criamos uma carapaça pra nos proteger de tudo e todos. É quase um escudo que impede que qualquer coisa nos atinja, inclusive o amor. 


Existem várias forma de sentir dor. Aquela física, que você cai e se machuca, rala o joelho, quebra um osso... e tem aquela dor que você não precisa cair, se cortar, se quebrar... aquela dor da alma, que consegue ser bem pior que a dor física. 
Tem aquela dor que você sente quando termina um relacionamento e fica mal por dias, a dor de perder alguém que ama, como a morte de alguém da família, um amigo, um ídolo... tem aquela dor que você não sabe bem porque ela existe, mas ela tá alí, mesmo você estando ao lado de quem ama... é aquela dor/sofrimento que tá atrelada ao amor intenso, exagerado, muito doado. Me pergunto sempre por que quando amamos muito alguém, sofremos por esta pessoa. Sofremos por criar expectativas, por achar que fizemos algo errado, por achar que magoamos a pessoa... aí vem todos os grilos na cabeça e toda aquela história que vocês já estão cansados de escutar, que o amor e o sofrimento andam de mãos dadas e uma hora ou outra te machucarão. Aí é onde entra a dor. Porque dói mesmo sofrer por amor. Mas se o amor existe pra nos dar uma sensação boa, por que sofremos? É contraditório um sentimento tão lindo nos causar felicidade e dor ao mesmo tempo. Algumas pessoas aprendem a lidar com a dor que o amor causa e passam a não sentir mais, de forma que conseguem conviver com as duas sensações. Outras sofrem tanto que acabam desiludidas e fechadas numa couraça tão resistente que não conseguem amar ninguém nem muito menos se deixar amar.


Essa frase acima faz parte da letra da música 'O poeta está vivo' do Frejat e sempre que a escuto, lembro o quão o ser humano, na sua fragilidade, é semelhante uns aos outros. A gente fica mais sensível, mais poeta, com a cabeça mais aguçada e mais criativa pra criar. Eu digo por experiência própria. Nas épocas em que estou mais retraída, triste, voltada pra dentro de si, é a época em que mais escrevo, crio, penso, consigo textos legais pra cá. Tenho muita coisa guardada em rascunhos por terminar, mas sem inspiração pra isso... nessas horas em que estou 'de fossa', gosto de reler o que escrevi, reajustar algumas coisas, concluir... sei lá porque isso acontece... mas experimentem alguma vez escrever nesses momentos... parece que a mente flui mais fácil. Artista tem muito disso... gosta de sentir a dor na alma pra criar/interpretar/cantar/escrever. Já ouvi muitos falarem que causaram brigas, terminaram relacionamentos pra sentirem a dor real na carne/alma e conseguirem a inspiração necessária. 


Tem gente que acha que porque não tem sangue espirrando, não há dor. Dor não aparece só quando há sangue, a dor pode ser na alma, no coração... é a pior dor, aquela que não te deixa ver o ponto de partida dela, o foco, o motivo. Aquela que você não pode sanar com um remédio, um analgésico. Tem gente que acha que é frescura sentir esse tipo de dor... não é! A dor do outro nunca dói em nós, e é por isso que não devemos nem podemos julgar o que o outro sente. Quando você achar que é drama, pare um pouco e pense nas suas dores não compreendidas. Pense o quanto elas doeram em você e o quanto os outros a ignoraram simplesmente por não doerem neles. 



E não adianta as pessoas dizerem que temos que 'deixar a dor de lado' e seguir em frente... tem dores que marcam tanto que precisam ser sentidas, a ferida precisa ser bem curtida pra que depois de um tempo a dor já não seja mais sentida, ou que nos acostumemos com ela. Há treinamentos de soldados que você aprende a lidar e a controlar a dor de forma que, mesmo sentido, aquela dor não te impede de fazer nada. Ela tá alí, mas já não te atrapalha mais em nada. Às vezes ela precisa ser realmente sentida pra que não faça mais sentido e possa te deixar continuar tua vida.
Esses dias eu tava bastante 'sentida' com mais uma daquelas oportunidades que deixei escapar pelas minhas mãos e tava me culpando muito por isso, porque optei por estar com o coração e a consciência limpa ao invés de ter um sonho realizado. Fiquei cerca de uma semana muito mal, muito triste, chorava dia e noite, mesmo sabendo que havia tomado a decisão correta. Você, leitor, deve estar se perguntando: Então por que ficou mal se tomou a decisão que achava ser a correta? Oras! e nem tudo que é certo é bom! nos faz bem! nos é prazeroso... Tem decisões que, apesar de corretas, doem na gente. É a segunda vez que desisto de um sonho, que abro mão do que quero muito pra não desagradar/decepcionar pessoas que gosto/amo. E durante esta semana de 'dor sofrida', muita coisa passou pela minha cabeça, inclusive o questionamento: Será que as mesmas pessoas que evitei decepcionar abrindo mão do meu sonho, fariam o mesmo por mim? Não sei se terei algum dia esta resposta, mas preferi não me martirizar mais ainda com isso. Há certas respostas que é melhor não procurarmos...


Foi por me colocar no lugar das outras pessoas que tomei a decisão que me deixou dias mal. Foi pensando nas pessoas que amo que decidi não realizar aquele sonho, por mais que eu quisesse, por mais que fosse aquilo que meu coração esperou realizar no final do trabalho... eu optei pelo coração em paz.


A maneira que encontrei pra colocar toda essa dor pra fora foi botando o dedo na ferida, e uma das formas de fazer isso foi ouvindo música... aquelas de sentar no meio fio com uma bebida barata e chorar enquanto vira toda a garrafa, na esperança da dor sair junto com a sensação de perda. Sim, porque dor dá uma sensação de perda terrível! Não sei explicar muito bem os motivos. Detesto sentir essas coisas!! rsrsrs 



Mas posso dizer que depois que você aprende a lidar com toda essa dor, o sentimento passa e o que tem de voltar pra você, volta bem melhor e mais bonito do que quando você deixou ir... E aí vem aquela clichê: Deixa tudo livre e solto... deixa ir... o que é pra ser seu volta sem que você precise prender consigo. E se preciso for, sinta a dor! Deixe ela doer até você não sentir mais nada e ela se tornar insignificante pra você. A gente guarda muito as dores e quando percebe, elas voltam mais fortes, como se tivessem criado anticorpos, sei lá! Melhor sentir logo tudo de uma vez, rasgar a alma e expor a ferida que guardar o desnecessário. Lembre-se que na nossa bagagem só merece ir o essencial, nada mais além disso.


terça-feira, 1 de setembro de 2015

Procurei você



Quando percebi
Te achei dentro de mim
Mais do que uma lembrança
Uma simples recordação
Não podia ser outra coisa
A não ser você

Mas não era você
Filosoficamente falando
Embora a cada vez que eu sentisse
Fizesse uma certeza
Cada vez mais certa
De que não poderia ser mais nada
A não ser você

E nesse momento
Em que filosofar se mostra inútil
Onde até as regras gramaticais não se entendem
Posso descobrir que não há nada melhor
Do que ter você
Do jeito que for.


Procurando a menina poeta que existe dentro de mim...




Tem dias que você só quer ficar quieta no teu canto, no teu mundo, sem falar, sem ter que dar mais explicações, só ficar. Às vezes é bom se recolher, sair de cena, à francesa, deixar o palco...
De uns tempos pra cá não tenho conseguido escrever como antes... e hoje estava me questionando justamente isso: Onde está aquela Deyse que gostava de escrever textos, que tinha mil ideias na cabeça, que escrevia dias seguidos, que gostava de ler textos e de cuidar deste blog pessoal aqui? E confesso que sinto muita falta dela, porque ela externava os sentimentos, rasgava a alma por inteira com as palavras e se revirava do avesso pra escrever. Ela está perdida em algum lugar dentro de mim, eu sei, mas ainda não consegui trazê-la de volta. Achava eu que estava com bloqueio criativo quando na verdade eu me perdi mesmo de mim. Quero resgatar aquela menina que sentava com caneta e papel e escrevia tanto que tinha um calo no dedo do meio, que falava de sentimentos com a alma nua, aquela menina poeta que achava que o mundo seria mais bonito se ela o vestisse de poesias...

E nas madrugadas eu tento encontrá-la...