segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Os excessos que carregamos

Às vezes é preciso recolher-se. O coração não quer obedecer, mas alguma vez aquieta; a ansiedade tem pés ligeiros, mas alguma vez resolve sentar-se à beira dessas águas. Ficamos sem falar, sem pensar, sem agir. É um começo de sabedoria, e dói.
Lya Luft

Tem dias em que dá vontade de sentar na frente do computador e escrever até os dedos não aguentarem mais. Eu sinto que as palavras se multiplicam na minha cabeça, as ideias transbordam o pensamento, e sinto que preciso colocar pra fora de algum jeito... e quando não escrevo, choro. Pra muita gente, o choro remete à tristezas, sentimentos ruins... pra mim é mais uma forma de aliviar tensões acumuladas, palavras não ditas, sentimentos em excesso, energias não compartilhadas... chorar nem sempre significa que algo vai mal. Pode ser também desprendimento. 



Desprender-se de coisas que a sua alma e o seu coração já não podem carregar. Costumamos carregar muita coisa desnecessária conosco, mas esquecemos que quanto mais coisa acumulada, mais pesado e mais demorado é pra caminhar. Pesos desnecessários sempre causam dores desnecessárias. É preciso escolher bem aquilo que carregamos na bagagem da vida. Priorizar aquilo que realmente importa. Há um pensamento de uma escritora/poetisa cujo nome não me vêm à mente agora (eu ando com bloqueio muito grande ultimamente) que diz: " A vida não passa de uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, alguns acidentes, agradáveis surpresas em muitos embarques e grandes tristezas em alguns desembarques." É de um texto muito bonito que conheci através de uma amiga muito querida, anos atrás. 



Se a vida é uma viagem, e nós passageiros de um trem, temos direito a algumas bagagens. Algumas pessoas conseguem viajar apenas com o que é realmente necessário, sem mais, sem menos, o necessário pra ser feliz, pra caminhar sem pesos, pra se locomover com mais facilidade que muitas outras. às vezes cabem em uma bagagem de mão, outras em uma mochila, às vezes até numa necessaire, mas é sempre uma mala pequena e com um conteúdo restrito e necessário a fim de não atrapalhar o deslocamento. É aquela gente que não carrega quase nada da vida, nem mágoas, nem pessoas em excesso... só o que realmente importa e a faz feliz. Outros viajantes acabam por exceder o volume de malas e o limite permitido, e precisam pagar uma taxa pelo excesso de peso. Outros simplesmente não conseguem desapegar de velhos sentimentos e lembranças e fazem de tudo pra carregar a vida toda em uma mala, por vezes sem alça, que atrapalha na hora de apreciar o caminho. Gente que carrega tudo e todos consigo, independente se este te fez mal, bem, se são sentimentos ruins, bons, tristeza... aquelas pessoas apegadas a tudo e a todos. Nem sempre vale a pena. Tem gente ainda que insiste em colocar tudo num baú e torcer pra permitirem que coloquem no trem. Há a esperança de que cada coisa que sentir saudades poderá ser encontrado ali dentro. 



No fundo não sabemos bem o que levar... as coisas, os sentimentos, as pessoas... nunca sabemos. Já é tão difícil definir o que levar numa viagem de final de semana, já pensou em como seria arrumar uma mala para a vida toda? Ter que fazer escolhas, deixar coisas e pessoas pra trás, desapegar, desprender... pra sempre?! Tem gente que não consegue fazer essa mala... e tem gente que é a própria mala! Sem rodinhas, sem alça, com zíper arrebentado e rasgando quando tentamos viajar com ela. 
É difícil saber o que levar e o que deixar, mas um dia a gente aprende!

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